Como tornar ainda mais belo, algo que por si já é fascinante? Esse desafio inquietou o homem desde que ele descobriu o mundo das gemas. Fascinantes e misteriosas, elas só revelam sua beleza por inteiro nas mãos de hábeis artesãos. Afinal, são eles que lhes dão mais vida, cor e brilho.
A lapidação de uma gema representa o seu aperfeiçoamento. O corte é tão importante que é capaz de valorizar uma gema de segunda linha ou depreciar uma de primeira categoria. Nas mãos de um lapidário pouco habilidoso, a melhor gema do mundo pode perder todo seu potencial. Já uma pedra inferior, quando lapidada por mãos preciosas, torna-se quase uma jóia.
Uma lapidação perfeita ressalta qualidades de uma gema que, por vezes, quem a extraiu nem imaginava que ela tivesse. Brilho, cor profunda e intensa, beleza, transparência, ausência de impurezas visíveis: tudo isso só pode ser conferido “ao vivo e em cores” se a lapidação souber explorar o potencial da gema.
Há lapidações de diversos tipos, mas elas podem ser divididas em três grupos: lapidação em facetas, lisa e mista. O primeiro tipo é utilizado normalmente em gemas transparentes, já que o fato de possuir várias e pequenas superfícies lisas acabam por conferir à gema um brilho e um jogo de cor que a realçam ainda mais.
Na maior parte dos casos, as lapidações em facetas podem ser subdivididas em três tipos: primeiro, a lapidação brilhante e em degraus, ou lapidação esmeralda. Já o segundo tipo, a lapidação lisa, pode ser plana ou convexa (tipo cabochão). A ágata e gemas opacas em geral são as mais comumente lapidadas dessa forma. O terceiro tipo, a lapidação mista, possui duas variedades: ela pode ser feita com a parte superior lisa e a inferior em facetas, ou o inverso.
As lapidações, além de vários tipos, também possuem diversas formas. Os principais modelos são: redonda, ovalada, antiga (quadrangular ou retangular com bordas arredondadas), triangular, quadrática, hexagonal, baguette (retangular ovalada), trapezoidal, french-cut (contorno e mesa quadrática), facetas triangulares, pendeloque (pêra ou gota), navette ou marquesa (elípitica apontada), pampel (em forma de gota alongada), briolete (forma de pêra com linhas de facetas que se cruzam).
Na joalheria, o tipo mais usado de lapidação é a brilhante, que equivocadamente virou sinônimo de diamante. Esse é apenas um tipo possível de lapidação aplicada ao diamante, apesar de ter sido criada especialmente para ele (daí a confusão). Possui 32 facetas e mesa na parte superior, e pelo menos 24 facetas na parte inferior. Quando dizemos brilhante, queremos dizer diamante com lapidação brilhante. Para as demais gemas, deve-se dizer seu nome seguido de brilhante, como por exemplo, topázio com lapidação brilhante.
A lapidação em oito facetas (8/8) possui, além da mesa, oito facetas na parte superior e oito na parte inferior. É utilizada em diamantes, menos naqueles em que não é possível ou não têm qualidade suficiente para a lapidação brilhante. Um de seus pontos fortes é a possibilidade de obter-se de 300 a 500 gemas por quilate. Já a lapidação rosa, ou roseta, é uma lapidação em facetas, sem mesa e sem a parte inferior. Propicia várias combinações, dependendo do número e disposição de suas facetas, mas caiu em desuso porque proporciona pouco brilho à gema.
Existem diversas lapidações em degraus, tipo de corte muito usado em gemas coloridas. Suas várias facetas de bordas paralelas possuem um declive que aumenta conforme se aproxima da rondista (cintura). Geralmente, a parte infe-rior desse corte costuma ter mais facetas. A lapidação cruzada ou em tesoura é uma variação da anterior, sendo que as facetas ficam subdivididas pela tesoura em quatro facetas.
A lapidação esmeralda também é um trabalho em degraus, porém tem contorno octogonal. Foi tão utilizada em esmeraldas e acabou ganhando o nome dessa gema, mas também pode ser empregada em outras pedras preciosas, como o diamante por exemplo. Outro tipo de lapidação em degraus é chamada de mesa ou plana. Mais simples que as demais, sua parte superior é bem plana para favorecer uma grande mesa. Já a lapidação Ceilão caracteriza-se por suas várias facetas, para aproveitar mais o peso bruto da gema, o que pode levar a um resultado assimétrico, que muitas vezes obriga a uma relapidação da pedra.
O cabochão, palavra que vem do francês caboche, cujo significado é prego de cabeça grande, é a lapidação lisa mais conhecida na joalheria e também uma das mais simples. Nele, a parte superior da gema é lapidada de forma arredondada, e a inferior é plana, levemente abobodada ou convexa. Nas gemas de tom mais escuro, a parte inferior é lapidada para dentro – o que é chamado de cabochão oco – para clarear seus tons.
Uma lapidação nova é a Millenium Cut, também conhecida como “Canaleta Sorriso”. Especial, seu corte faz com que a gema pareça estar sorrindo, aumentando, assim, seu brilho. Essa lapidação proporciona muito brilho à pedra, potencializando suas cores e dando mais vida à gema. O corte pode ser aplicado em todos os tipos de gemas, mas o formato mais adequado, no entanto, é o retangular, de no mínimo nove milímetros. Quanto maior a gema, melhor o resultado final: quando a luz atravessa a pedra, parece que ela solta faíscas, valorizando e embelezando as jóias de uma maneira diferente da tradicional.