Pequeninos como cacos e coloridíssimos como bijuterias, os diamantes que enfeitam as jóias modernas pouco lembram as enormes e deslumbrantes pedras com que Elizabeth Taylor costumava matar de inveja as mulheres do planeta. Salpicados sobre o ouro, eles agora surgem minúsculos em tons de amarelo, verde, azul e cor-de-rosa, formando peças vistosas nas quais o que ressalta é o efeito que criam, e não a quantidade de quilates que ostentam. “Até há pouco tempo, quando se falava em diamantes, as pessoas só queriam saber se eram grandes. Agora, valorizam também a cor”, afirma o designer Renato Wagner, de São Paulo.

Diamantes coloridos existem desde sempre – a questão é que, até recentemente, ou eram peças excepcionais, de colecionador, pelo tamanho e intensidade da cor, ou gemas menosprezadas, consideradas pelos leigos menos puras que as translúcidas. Não sem razão: os variados matizes que algumas pedras apresentam nada mais são que o resultado da presença, no cristal, de diferentes elementos da natureza que foram se juntando a ele ao longo do tempo. Os diamantes azuis, por exemplo, são os que contêm boro em sua estrutura; os amarelos, nitrogênio. A novidade é que o que parecia defeito foi transformado em qualidade através do trabalho de design e de marketing dos joalheiros. Misturado a pedras brancas, para ganhar destaque, até o desprezado diamante marrom ganhou status de gema chique. Rebatizado de “conhaque” ou “chocolate”, hoje faísca em peças de grifes famosas como Vivara e H. Stern. “O brilhante marrom dá um toque mais esportivo à jóia. A peça fica mais fácil de usar do que se fosse toda confeccionada de pedras brancas”, diz Laja Zylberman, da joalheria carioca Sara Jóias.

Active ImageOs diamantes marrons são os mais comuns entre os coloridos. Por isso, as peças confeccionadas com eles podem chegar a custar metade do preço das jóias feitas com as pedras brancas. Infelizmente, isso não vale para todas as cores: o raríssimo brilhante vermelho, por exemplo, custa tão caro que poucas joalherias se atrevem a comercializá-lo. Em 1987, o mais famoso deles, o Hancock Red, com 0,95 quilate, foi arrematado por um colecionador em leilão por 880.000 dólares. Nas lojas, as pedras em tom rosa estão entre as mais cobiçadas: um anel de Renato Wagner formando uma flor nesse tom custa 22.000 reais.

Se os diamantes coloridos não chegam a fazer das novas jóias uma pechincha, oferecem outra vantagem: o uso de variados matizes numa única peça permite aos criadores conseguir efeitos espetaculares mesmo trabalhando com gemas minúsculas – a maior parte delas não chega a ter 0,05 quilate. Um dos anéis assinados pelo estilista Alexandre Herchcovitch, um estiloso triplo aro em formato de soco-inglês, mistura oitenta diamantes brancos e negros ao custo de 6.675 reais. Tem pouco mais de 1 quilate, mas que dá na vista, isso dá.