Tal como o conhecemos hoje, o vidro artificial já era empregado no Egito por volta de 1.000 A.C. e consiste de uma única substância ou, mais freqüentemente, de uma mistura de substâncias que, ao se resfriar rapidamente, tem sua viscosidade elevada e solidifica-se sem se cristalizar, dando lugar a um produto inorgânico de fusão, na maior parte das vezes transparente.
Os vidros artificiais não se incluem no grupo das gemas sintéticas pois, geralmente, têm em comum com as gemas que imitam somente a cor e a transparência, ao contrário das sintéticas, que apresentam as mesmas propriedades físicas e óticas, composição química e estrutura cristalina das suas equivalentes naturais.
Ao contrário dos materiais cristalinos, os vidros não apresentam estrutura interna ordenada, sendo, portanto, amorfos. Por se tratarem de uma mistura de substâncias sem composição química definida, suas propriedades físicas e óticas variam dentro de limites muito amplos, de acordo com seu tipo e composição.
Apesar da abundância e diversidade das gemas naturais, os vidros artificiais continuam sendo amplamente utilizados no mercado de gemas de imitação, sobretudo em artigos de bijuteria e, de modo geral, a distinção entre eles e as gemas naturais é bastante evidente, seja à simples vista ou com o auxílio de uma lupa.
Por apresentarem dureza relativamente baixa, usualmente 5 na escala de Mohs, os vidros apresentam arestas menos definidas e admitem um polimento menos perfeito e duradouro que o das gemas que procuram imitar. Por serem piores condutores de calor que a maioria das gemas cristalinas, os vidros dão a sensação de ser mais quentes ao tato. Ademais, exibem um típico brilho vítreo e fratura conchoidal, embora estas características tenham pouca utilidade prática, uma vez que boa parte das gemas naturais também as possui.
As inclusões mais freqüentemente observadas nos vidros são bolhas de gás, usualmente esféricas ou ovais, mas podendo apresentar diversas outras formas, bem como agrupamentos delas, assim como linhas curvas ou onduladas formadas pela mistura pouco homogênea dos seus constituintes, conhecidas como "marcas de redemoinho".
Quando a identificação de uma substância que se supõe tratar-se de vidro requer a execução de ensaios em laboratórios gemológicos, o espécime é submetido a uma marcha analítica, que consiste em determinações de caráter ótico, índice de refração e peso específico, empregando-se os instrumentos polariscópio, refratômetro e balança hidrostática, respectivamente. Em seguida, o exemplar sob questão deve ser examinado à lupa e por microscopia, em busca de inclusões e estruturas diagnósticas. Adicionalmente, podem ser realizados ensaios de fluorescência à luz ultravioleta (a maior parte dos vidros apresenta reação sob ondas curtas, de cores e intensidades muito variáveis), pleocroísmo (por ser isótropo, o vidro não é um material pleocróico) e espectroscopia de absorção na região da luz visível. Eventualmente, procede-se a ensaios de dureza, embora, na medida do possível, seja conveniente evitar o emprego de técnicas destrutivas no campo da gemologia.
Além dos vidros artificiais, produzidos pelo homem, há vidros naturais que, eventualmente, são facetados e empregados na indústria joalheira. Entre eles, destacam-se a obsidiana e os tectitos, como a moldavita. A distinção entre os vidros naturais e os artificiais algumas vezes pode se tornar difícil, mediante a utilização exclusiva dos ensaios usuais acima descritos, uma vez que a maior parte das características e propriedades de ambos é semelhante. Em alguns casos, são requeridos ensaios que utilizem técnicas analíticas avançadas, não estritamente gemológicas, tais como microsonda eletrônica e espectroscopia Raman, através das quais pode-se detectar a presença e o conteúdo de determinados elementos químicos na amostra, de forma a obter um resultado conclusivo a respeito da origem do vidro.