Justiça americana nega pedido do governo brasileiro para arquivar processo e permitir acordo diplomático para
devolução da pedra avaliada em US$ 372 milhões.

Um juiz do tribunal superior de Los Angeles decidiu nesta segunda-feira, 30, que o julgamento para determinar a quem
pertence a esmeralda gigante da Bahia vai continuar em Los Angeles apesar dos esforços do governo brasileiro para recuperar a pedra
preciosa.
O bloco de 180 mil quilates e 380 quilos é alvo de uma disputa judicial entre um grupo de comerciantes de pedras preciosas,
mineradores, magnatas imobiliários e outros que tentam ficar com a pedra avaliada em US$ 372 milhões. Retirada em 2001 de uma mina
no Estado da Bahia, no Nordeste brasileiro, a esmeralda é uma pedra imensa com tubos de cristais verdes salientes. Está entre as maiores
pedras inteiras do tipo.
No ano passado, quando a saga envolvendo a pedra nos tribunais parecia perto do fim, o Brasil entrou na briga para ficar com a
esmeralda. O governo brasileiro pediu que o juiz arquivasse o caso imediatamente ou suspendesse o andamento do processo enquanto
representantes brasileiros prosseguiam nas negociações com o governo americano para conseguir o retorno da pedra.
O advogado que defende os interesses brasileiros em Los Angeles, John Nadolenco, disse ao juiz que uma decisão no tribunal superior de
Los Angeles prejudicaria muito as negociações em andamento entre o Brasil e o governo federal americano.
“Mas há uma complicação – este caso”, disse Nadolenco.
O juiz Michael Johnson deixou claro na segunda-feira que não estava decidindo sobre as reivindicações brasileiras de propriedade, e sim
apenas em relação à moção para arquivar ou suspender temporariamente o processo nos tribunais de Los Angeles.
Johnson disse que a moção brasileira não continha evidências suficientes para justificar a suspensão temporária do processo. Nenhuma
declaração oficial foi feita pelas autoridades brasileiras, e nada indicava que os esforços diplomáticos se mostrariam frutíferos ou
oportunos. Além disso, há interesse numa rápida decisão em Los Angeles, disse Johnson.
“O condado de Los Angeles, que abrigou a esmeralda às custas do contribuinte, tem o direito de decidir”, disse Johnson.
O governo brasileiro entrou na disputa em setembro, dizendo que todas as demais reivindicações de propriedade eram irrelevantes. O
País diz que a esmeralda foi extraída e exportada ilegalmente.
A entrada do Brasil no caso interrompeu os esforços de Kit Morrison, empresário de Idaho que foi o último a possuir a pedra preciosa
após uma jornada longa, tortuosa e frequentemente bizarra. Depois de ser descoberta em 2001, mineradores a transportaram para São
Paulo, onde ela começou uma odisseia de oito anos, mudando de mãos repetidas vezes.