Sua Finalidade
Em nossos dias, a vitrina corresponde a uma necessidade vital: a de colocar em destaque o artigo que se queira vender que a atenção de quem passa seja captada e retida. Apresenta-se com tanta evidência esta necessidade que já foi empreendida uma verdadeira procura em busca da originalidade e da fantasia que nos conduz, amiúde, bastante longe de que tomemos plena consciência disso, todo relojoeiro/joalheiro deve procurar assimilar-se à clientela que lhe é própria e que possa proporcionar-lhe uma base sólida e constante; deve fazê-lo segundo seu conceito, assim como também segundo a situação e classe de seu estabelecimento.
O Aspecto Geral
Querem vocês conhecer a chave do mistério que envolve até certo ponto as vitrinas de grande efeito? Estas vitrinas têm o dom de dar todo seu valor aos objetos que apresentam e de criar em torno deles um clima de desejo e interesse em possuí-los. Entre todos os desejos, o de agradar e o de destacar seu próprio valor é muito vivo, humano, universal, e cada dia temos nova confirmação dele; a mulher fica elegante, o homem distinto em sua roupa; o pássaro alisa suas plumas e o pavão rela faz a roda; são estes exemplos e tantos outros mais que demonstram a força do desejo de agradar.
A vitrina existe para estimular os desejos das pessoas que olham, tenham ou não a idéia de comprar. O artigo apresentado tem que dar forçosamente a impressão de perfeição; frases ou pequenas palavras que acompanham o objeto indicarão suas qualidades, características e particularidades. A apresentação simplesmente ressalta que tudo foi posto em prática para conseguir-se um máximo de perfeição. O conjunto cria o clima que se busca e inspira confiança no cliente.
Saber Escolher
Certa qualidade de peças expostas em lugar proeminente, são, talvez, de elevado preço para uma certa clientela; porém, é indispensável que a vitrina demonstre as variedades de que dispõe; convém, portanto, dispor os artigos por grupos de preços e, em cada grupo, fazer destacar o modelo que se julgue melhor. Pela sua decoração, textos e preços, a vitrina dará ao observador todas as indicações que lhe permita saber qual é o artigo mais adequado às suas necessidades.
A Decoração
A vitrina deve absorver os conhecimentos do decorador, mas, não ser completamente subjugada por este. Sendo, assim, a apresentação que nos parece levar vantagem, às vezes, é, amiúde, menos feliz em sua criatividade do que seus vizinhos ou aqueles que lhe precederam; faz esquecer o fim para que foi criada, não tem em conta possibilidades de quanto é rica e sucumbe, quase abaixo da decoração que pode ser, para ela, um empobrecimento, um perigo. Infelizmente, quando percebidas, já é um colorido atraente de forma satisfatória, por meio de luz indireta que destaque a vitrina de um novo ambiente. Quando o transeunte pára diante da vitrina, o artigo ali exposto deve, por assim dizer, saltar-lhe aos olhos e desaparecer a decoração. Produzindo-se o contrário, o efeito da decoração prevalece, o artigo exposto passa despercebido, o cliente limita-se a admirar a decoração e segue seu caminho.
A este respeito apresenta-se um exemplo: uma vitrina de 3 m de largura por 2,5 de altura estava disposta para apresentar latas e galões de tintas; o decorador preparou um fundo cônico, completamente negro; no meio de toda a área colocou somente uma lata de 1 kg, violentamente iluminada por potentíssimo farol. Desde que a vitrina ficou em exposição, as vendas aumentaram em mais de 60%. Evidentemente, trata-se de um caso “sui-generis”.
Certos relojoeiros acham interessante apresentar na vitrina uma massa de artigos, pois, receiam, frustrar uma venda. É ponto de vista errôneo. Uma vitrina sobrecarregada diverge a atenção do cliente cujas olhadas não podem concentrar-se num artigo determinado. Não nos enganemos: o comprador procura uma vitrina que lhe guie, que dirija sua escolha e que os elementos lhe facilitem na escolha do objeto que pretende adquirir.
Para o público o relógio é misterioso, o seu mecanismo é secreto até certo ponto, e o cliente deseja saber no que constitui o seu valor e preço, da mesma maneira que deseja conhecer as características e vantagens. Daí, a obrigação que compete ao relojoeiro em ressaltar a precisão na fabricação, a habilidade manual e a soma de esforços que requer um relógio de qualidade. O relógio não dever ser um artigo qualquer de “lojinha” e sim um objeto precioso; o público tem a obrigação de saber que cada parte do relógio, da menor à maior, são objetos de minuciosos estudos.
Uma vitrine de relógios de alta qualidade aumenta o prestígio do estabelecimento apresentando produtos em que tudo é técnica e precisão.
Como Preparar Vitrinas
Quando se discute o problema das vitrinas, em geral, fala-se demasiado do lado físico da apresentação, construção e questões de estética. Quase sempre, emite-se o conceito comercial que deve ser a base fundamental.
A apresentação não é, em si, um fim, mas um meio posto ao serviço de uma idéia comercial; sem isso não tem absolutamente nenhum valor.
Isso é tão evidente, que é ridículo repeti-lo, mas vamos fazê-lo mais uma vez. Sem dúvida, há de julgar-se pelas vitrinas de relojoaria que atualmente se vê um pouco por todas as partes do mundo, onde se observa na maioria dos casos, a ausência total de conceito comercial.
Quando se dedica certo cuidado na decoração das vitrinas, geralmente, o serviço desenvolve-se somente na arte pela arte, ou seja, a “decoração”, e isso é tudo. Porém, a decoração mais refinada, permanece sendo ineficaz se não for dedicada à finalidade de um serviço comercial. Para que se possa criar uma apresentação em função de tal fim, logicamente, é necessário conhecê-lo e saber o que se quer.
Mas é exatamente aí onde está o perigo, pois certos relojoeiros tem uma idéia mais ou menos vaga do que querem e confundem-se. Sabem que vender e fazer bons negócios é preciso a existência de uma política de vendas determinada.
Já muitos disseram que a exposição ou apresentação deve existir em função da venda, e todos se mostram de acordo sobre este ponto. Mas… isto é uma verdade pela metade.