A alquimia na China, como no ocidente, era uma prática que envolvia o
conhecimento de metais, mas, diferentemente, era muito relacionada com a
medicina.
Os chineses desde tempos remotos utilizavam o ouro, a prata e o cobre.
Conheciam o chumbo e o mercúrio, que era obtido do cinábrio, e eram usados na
preparação de vários compostos.
A alquimia surgiu na China mais cedo do que em Alexandria, entre 500 e 300 a.
C., e desenvolveu-se sob a influência do Taoismo, uma religião mística fundada
por Lao-Tzu, no século VI a.C..
Os chineses acreditavam que o mundo era constituido de cinco elementos: fogo,
terra, água, metal e madeira.
Consideravam também, na sua cosmogonia, a existência de contrários, do mesmo
modo que Heráclito, na Grécia.
Estas idéias foram cristalizadas no conceito do Yin e do Yang. Yen é o princípio
feminino, que representa frieza, escuridão, qualidades negativas, representada
pela terra ou pela lua, pela secura, enquanto Yang é o principio masculino, com
qualidades positivas, movimento, atividade, representado pelo sol.
Estes conceitos são básicos no Taoismo, uma filosofia que surgiu no século VI
a.C., expressa em um livro, o Tao Te Ching, de Lao Tzu.
O Tao, que significa caminho ou percurso, era uma força que controlava todas as
coisas e tinha surgido a partir do vazio e da tranquilidade do universo inicial
que era transparente e sem forma.
Este conceito abstrato tranformou-se nos séculos seguintes e passou a incluir o
estudo da natureza e a busca de uma explicação da formação do mundo o que levou
a uma cosmogonia centrada no conceito de Yin e Yang.
Na parte alquímica experimental os chineses buscavam produzir ouro e encontrar a
pílula da imortalidade como mostra o livro de Wei Poyang, chamado Chou i ts’an
t’ang ch’i, de 142 d.C., que contém uma parte mística e a descrição de processos
práticos expressos em linguagem simbólica.
Mais tarde, em 281 d.C., surge outro livro, o Pao-p’u-tzu, de Ko Hung,
considerado o maior livro de alquimia da China.
Este livro contém descrição de processos para preparar elixires baseados em
ouro, preparação de derivados do estanho com aparência de ouro, operação que
acreditavam, transformava o estanho em ouro.
Neste texto é indicado que o "ouro alquímico", isto é, uma forma solúvel em
água, preparado segundo o receituário fornecido, é superior ao ouro comum, como
ingrediente dos elixires da imortalidade.
É descrita, também, a preparação de sais de mercúrio e arsênico.
Um livro posterior, muito famoso, é o de Sun Ssu Miao (581 d.C), Tan chin yao
chueh ou Os Grandes Segredos da Alquimia, com receitas práticas para preparar
elixires para conseguir a imortalidade.
Ensina,também, como obter remédios e fabricar pedras preciosas.
Outro texto desta época é o San-shi-liu Shui Fa ou Os trinta e seis métodos de
dissolver sólidos em água, que ensina como obter soluções aquosas de vários
minerais e, particularmente, do ouro e da prata.
Os equipamentos que os alquimistas chineses usavam incluiam fornos, cadinhos,
destiladores e o ting, uma espécie de caldeirão suportado por três pernas.
A padroeira dos alquimistas era uma deidade chamada a Senhora dos Fogões cuja
imagem simbólica era a de uma mulher com vistosa roupa vermelha.
De forma semelhante ao mundo ocidental, em séculos posteriores, a alquimia
chinesa separou-se numa parte exotérica, puramente química, ou wai tan e uma
parte mística, esotérica ou nei tan, em que a simbologia usada para os conceitos
era calcada nas operações práticas de laboratorio.
Uma comparação entre os conceitos alquímicos dos chineses e as do mundo
ocidental mostra que desde tempos imemoriais, mesmo antes das conquistas de
Alexandre, houve contato constante entre a China e as civilizações ocidentais
por força das rotas dos mercadores, entre as quais a mais famosa é a Rota da
Sêda.
Enquanto no mundo ocidental os alquimistas procuravam transformar metais não
nobres em ouro e obter um elixir os chineses consideravam mais importante a
obtenção do elixir da imortalidade e remédios para a cura de doenças.