PÉROLAS CULTIVADAS

A crescente demanda de pérolas levou o homem a cultiválas em grandes quantidades. Estas pérolas cultivadas não são uma imitação, mas sim um produto natural originado com a colaboração do homem. As pérolas cultivadas constituem atualmente 90% do comércio total de pérolas.

O principio do seu cultivo é simples: o homem causa a produção de pérolas introduzindo corpos estranhos nos moluscos. Já na China, no século XIII, se fixavam na parede interna de conchas pequenas figuras de chumbo representando o Buda, pra que ficassem cobertas de nácar. As primeiras pérolas redondas foram cultivadas pelo naturalista sueco Carl V. Linne, em 1761. Em 1893 o japonês K. Mikimoto conseguiu pérolas semi-esféricas.
O cultivo moderno de pérolas redondas se baseia nos trabalhos de investigação do alemão F. Alverdes e dos japoneses T. Nishikawa, T. Mise e K. Mikimoto, no segundo decênio deste século. Para induzir à produção de pérolas pegam-se esferas pequenas de nácar torneadas, de um molusco de água doce e que são envolvidas com um pouco de epitélio do manto de um molusco perlífero (Pinctada martensi), para posteriormente introduzi-lo, mediante uma operação complicada, em outro molusco perlífero. O epitélio introduzido continua sendo funcional atuando como saco perlífero e sobre ele se irá segregando nácar. O elemento mais importante na formação da pérola é o epitélio, não o elemento estranho; teoricamente, poderia prescindir-se dele. Não obstante, todo esse processo deixaria de ser produtivo porque a formação de uma pérola grande demoraria muito. Ao proporcionar um núcleo encurtamos o “período de trabalho” da ostra; basta que esta o recubra com uma capa para que a pérola adquira o brilho oriente típico.
A introdução do núcleo no molusco exige mãos hábeis. As mulheres são mais apropriadas a este trabalho; podem trabalhar de 300 a 1 000 ostras por dia. Para o tamanho normal do núcleo, de 6 a 7 mm, são necessários moluscos de três anos, e com núcleos menores podem ser utilizados animais mais jovens; se o núcleo medir mais de 9 mm morrem aproximadamente 80% dos moluscos.

Os moluscos assim preparados são mantidos em baias, em cestos de arame, ou mais recentemente em gaiolas de plásticos. Ficam suspensos entre 2 a 6 m de profundidade, presos a balsas de bambus, ou a cabos que flutuam sobre a água, presos a bóias. Várias vezes ao ano tem-se que limpar as ostra e as gaiolas retirando algas e outras plantas marinhas. Entre seus inimigos aturais, alem dos peixes, caranguejos, polipos e diversos parasitas destaca-se um zooplancton que aparecem em grandes quantidades, como uma “maré vermelha”, e que põe em perigo culturas inteiras devido ao fato de consumir grandes quantidades de oxigênio. A temperatura da água tem uma grande influência no desenvolvimento da pérola; o molusco das culturas japonesas morre a 11º C; por isso, o surgimento inesperado do frio faz com que as suas colônias situadas ao norte devem ser transportadas com seu lastro subaquático para outras águas mais quentes.

De inicio, a velocidade de crescimento da capa de nácar ao redor do núcleo era calculada, no Japão, em 0,09 mm por ano, mas atualmente aumentou para 0,3 mm; nos mares do Sul parece ser de 1,5 mm a velocidade anual. Recentemente, estão sendo realizadas experiências para transladar os viveiros das baías para o mar aberto porque os moluscos se ativam com as correntes marinhas, produzem mais depressa e as formas que proporcionam são melhores. Ao mesmo tempo, as baías com suas numerosas bóias se tornariam menos populosas e as condições melhorariam para os outros moluscos perlíferos.

Os moluscos permanecem de 3 a 4 anos na água, tempo no qual o núcleo é coberto com uma camada de 0,8 a 1,2 mm aproximadamente, se permanecem mais tempo, existe o perigo de que os animais adoeçam ou que se deforme a pérola. A partir do sétimo ano cessa a secreção de nácar. As que contêm uma cobertura muito fina são consideradas inferiores.
A época mais propícia para a colheita das pérolas no Japão são os meses secos de inverno porque então cessa a secreção de nácar e estas adquirem um brilho oriente especialmente bom. As pérolas são retiradas do molusco, lavadas, secas e classificadas de acordo com a cor, o tamanho e a qualidade. Da produção total somente uns 10%, aproximadamente, são apropriados para uma boa jóia; 15 a 20% são defeituosas.

Os primeiros viveiros no Japão se localizam na parte meridional da ilha de Honshu; atualmente existem outros também em Shikoku e Kyushu. Desde 1956, são cultivadas pérolas nas águas costeiras da Austrália setentrional e ocidental, sendo obtidas boas qualidades; também se obtém pérolas blister cultivadas (chamadas pérolas Mabe) com um diâmetro de 15 a 25 mm. Recentemente, realizaram-se varias experiências com pérolas cultivadas em diversos paises do sudeste asiático.

Desde os anos cinqüenta são cultivadas pérolas de água doce no lago Biwa (em japonês, Biwa co) ao norte de Kyoto, na ilha Honshu (Japão). Aí se introduz, no molusco de água doce, Hiriopsis schelegeli, pedaços de epitélio de 4 x 4 mm de tamanho, geralmente sem núcleo duro; como os moluscos são grandes (20 x 11 cm) podem ser introduzidos até 10 em cada metade do molusco e, às vezes, ainda outro no núcleo de nácar. De cada um deles resulta um saco perlífero com uma pérola. Ao cabo de um ou dois anos as pérolas atingem de 6 a 8 mm, mas quase nunca são redondas. São retiradas do molusco recobertas com outro epitélio e introduzidas em outro molusco para melhorar a forma. O molusco de água doce alcança uma idade de 13 anos, mas as pérolas que produz não têm quase nunca uma forma totalmente arredondada. As cores naturais branco-róseas, alaranjada, amarelo-dourada, parda e azul estão normalmente mais claras.
As culturas, da mesma forma que no caso dos moluscos marinhos, são realizadas em gaiolas suspensas de estruturas de bambu mergulhadas em profundidades de 1 a 2 m. O rendimento é de uns 60%. É claramente superior à de água do mar, com certeza devido ao fato de no lago Biwa existir muito menos perigo para elas.